sábado, 12 de abril de 2014

Análise da obra «Guernica» de Pablo Picasso

Análise da obra «Guernica» de Pablo Picasso

Para se entender a obra “Guernica” de Picasso, dividi o trabalho em quatro partes.
• História, que mostra a ideia de onde surgiu o nome e a sua história.
• Composição, que mostra as características da obra.
• Curiosidades, alguns pormenores da obra e a sua intenção.
• Sobre o Artista, que leva o leitor a conhecer um pouco sobre o artista para entender melhor a sua obra.



Índice
1. História
    1.1 – História da Guernica
    1.2 – A Guernica de Picasso
2. Composição
    2.1 – Composição da Guernica
    2.2 – Elementos da Guernica
3. Curiosidades e Folclore
    3.1 - Curiosidade e Folclore
    3.2 – Uma Guernica à Portuguesa
4. Sobre o Artista
    4.1 – Sobre o Artista
    4.2 – Algumas Citações do Artista
    4.3 – Algumas Obras do Artista


:: História  ::

História da Guernica
Guernica (em basco Gernika) é uma pequena localidade no norte de Espanha, no País Basco. Guernica foi bombardeada pelos nazis em 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil Espanhola, o que inspirou a Pablo Picasso sua famosa obra "Guernica". Em janeiro de 1973, com o título "The Great Guernica Fraud", o professor Jeffrey Hart publicou no National Review um estudo onde sustenta a tese de que bombardeio de Guernica não ocorreu. Actualmente tem aproximadamente dezoito mil habitantes.

A segunda-feira negra de Guernica.
Era uma segunda-feira, dia de feira-livre na pequena cidade da Biscaia, região norte da Espanha no País Basco. Das redondezas chegavam as suas estreitas ruas os camponeses do vale de Guernica, trazendo seus produtos para o grande encontro semanal. A praça ainda estava bem movimentada quando, antes das cinco da tarde, os sinos começaram a badalar freneticamente. Tratava-se de mais uma incursão aérea. Até aquele dia fatídico - 26 de abril de 1937 - Guernica só havia visto os aviões nazistas da Legião Condor passarem sobre ela em direção a alvos mais importantes, situados mais além, como a capital Bilbao. Mas aquela segunda-feira foi diferente. A primeira leva de aviões Heinkel despejou suas bombas sobre a cidadezinha precisamente às 16:45 horas. Durante as 2 horas e 45 minutos seguintes os moradores viram o inferno desabar sobre eles. Estonteados e desesperados saíram para aos arredores do lugarejo, onde mortíferas rajadas de metralhadora disparada pelos caças os mataram aos magotes. No fim da jornada contaram-se 1.654 mortos e 889 feridos, numa população não superior a sete mil habitantes - 40% da população local havia sido morta ou gravemente ferida. A repercussão negativa foi tão grande que os nacionalistas espanhóis trataram logo de atribuí-la aos comunistas ou libertários que lutavam na Guerra Civil Espanhola.

A Guernica de Picasso
Esteticamente quem melhor captou esse sentimento foi Pablo Picasso. Vivendo em Paris desde o início do século, já era uma celebridade quando o Governo da Frente Popular o procurou para que fizesse algumas telas para arrecadar fundos para a República. A violência e a indignação que causou o bombardeio fez com que ele se concentrasse por cinco meses numa grande tela, quase um mural (3,50 x 7,82 metros). A primeira aparição desse quadro ocorreu numa Exposição Internacional sobre a Vida Moderna em Paris, no dia 4 de junho de 1937. O público virou-lhe as costas. 

Não era algo belo de ser visto. Picasso, para retratar o clima sombrio que envolvia o desastre, utilizou-se da cor negra, do cinza e do branco. Como nunca a máxima de Giulio Carlo Argan, segundo a qual a "arte não é efusão lírica, é problema", foi tão explícita quanto nessa composição de Picasso. O painel encontra-se dominado no alto pela luz de um olho-lâmpada - símbolo da mortífera tecnologia - seguida de duas figuras de animais. No centro um cavalo apavorado em disparada, representa as forças irracionais da destruição. Na direita dele, impassível, um perfil picassiano de um touro imóvel. Talvez seja símbolo da Espanha em guerra civil, impotente perante a destruição que a envolvia. Logo abaixo do touro, encontramos uma mãe com o filho morto no colo. Ela clama aos céus por uma intervenção. Trata-se da moderna "pietá" de Picasso. Uma figura masculina, geometricamente esquartejada, domina as partes inferiores. À direita, uma mulher, com seios expostos e grávida, voltada para a luz, implora pela vida, enquanto outra, incinerada, ergue inutilmente os braços para o vazio, enquanto uma casa arde em chamas. Naquele caos a tecnologia aparece esmagando a vida. 

Hitler apoia Franco
Na realidade a tragédia começou oito meses antes, na noite de 25 de julho de 1936, quando, entre um acorde e outro de uma ópera wagneriana, Hitler decidiu-se a apoiar Franco. Na semana anterior o general espanhol havia sublevado o exército contra o governo republicano-esquerdista da Frente Popular. O Führer estava em Bayreuth para prestigiar o tradicional festival musical quando recebeu uma carta do caudilho. A solicitação era modesta. Tratava-se de saber se o governo nazista contribuiria com uma dezena de aviões de transporte e algumas armas. Hitler não hesitou. A vitória comunista na Espanha provocaria, por estímulo, a "bolchevização" da França, e seu regime ver-se-ia sitiado por ela e pela URSS de Stalin.

Devido á espantosa obra “Guernica”, e ao seu significado que percorreu todo o mundo, Picasso foi considerado como um soldado do povo, que usou o pincel como Arma de Guerra. 

A obra foi executado para o pavilhão da República Espanhola. Encontra-se actualmente exposta no Centro Nacional de Arte Rainha Sofia, em Madrid. Para muitos esta obra é a síntese da força e da energia do artista.


:: Composição ::

Composição da Guernica
A pintura foi feita sem uso de cores, em preto e branco - algo que demonstrava o sentimento de repúdio do artista ao bombardeio da pequena cidadezinha espanhola. Claramente em estilo cubista, Picasso retrata pessoas, animais e edifícios destruídos pelo intenso bombardeio da Luftwaffe, a força aérea nazista.

Morando em Paris, o artista soube dos fatos desumanos e brutais através dos jornais - e daí supõe-se tenha saído a inspiração para a retratação monocromática do fato.

A sua composição retrata as figuras ao estilo dos frisos dos templos gregos, através de um enquadramento triangular das mesmas. O posicionamento diagonal da cabeça feminina, olhando para a esquerda, remete o observador a dirigir também seu olhar da direita para a esquerda, até o lampião trazido ainda aceso sobre um braço decepado e, finalmente, à representação de uma bomba explodindo.

Tamanho da Guernica, 3,50 metros de altura por 7,82 metros de largura.

(como podem ver na foto, comparando com uma pessoa, é uma obra enorme)

Elementos da Guernica
Existem sete grandes elementos que se destacam na obra.

Guernica com divisões de elementos

1. O Touro - O touro é suposto ser a incorporação de Francisco Franco, que é o responsável, em parte, pelo desastre que a Guernica sofreu. O touro representa também a Tourada, uma paixão que Picasso tinha desde criança.
2. A Mulher com a Criança - Esta mulher representa a exaustão, a dor e o sofrimento. Foi tirada originalmente de uma escada com o bebé, simbolizando estar a tirar Jesus da cruz.
3. Soldado Caído - Representa todos os soldados que foram assassinados no bombardeamento.
4. O Cavalo Ferido - O cavalo tem uma ferida no estômago, que demonstra, ser um animal forte e que tenta sobreviver ás feridas que lhe foram causadas. Mostrando que todas as pessoas que sofreram com o bombardeamento, devem ser fortes e resistir.
5. A Mulher com a lâmpada - Esta mulher simboliza a luz na escuridão de tudo o que esta pintura representa. Ela pode ser considerada como a justificação.
6. A Mulher a Correr – É uma mulher muito bonita e esperta mas que está na verdade a chorar  porque está condenada a viver uma vida infeliz.
7. A Mulher a Arder – Uma mulher queimada viva, simbolizando os edifícios que em instantes foram queimados, que parecendo tão resistentes, foram em instantes destruídos.

Existem também outros elementos mais pequenos, mas com grande importância para a mensagem que o pintor tenta transmitir.
A Pomba – Significando Paz, Picasso ficou indignado com aqueles acontecimentos, e zela pela paz.
Flor – Algo que é frágil mas que consegui sobreviver a uma calamidade.
Luz / Lâmpada – Esperança, uma luz (esperança) que existe em toda aquela escuridão (calamidade).

Picasso utiliza o objecto “cabelo” para diferenciar o Homem da Mulher, utilizando cabelo na Mulher, e não utilizando cabelo no Homem.


:: CURIOSIDADES E FOLCLORE ::

Curiosidade e Folclore
Conta-se que, em 1940, com Paris ocupada pelos nazis, um oficial alemão, diante de uma fotografia reproduzindo o painel, perguntou a Picasso se havia sido ele quem tinha feito aquilo. O pintor, então, teria respondido: "Não, foram vocês!". 

Na parte central (inferior direito) do quadro, a pelagem do cavalo mutilado é retratada com pequenos traços verticais. Picasso teria começado a fazê-las, mas quem as terminou teria sido sua esposa, pois o artista teria dito que davam muito trabalho. 

O quadro, transferido para Nova York durante a II Guerra Mundial, recebeu do pintor a ordem de que apenas quando a Espanha natal fosse um país democrático poderia para lá ser transladada. Ficou sob a guarda do Museu de Arte Moderna de Nova York - MOMA. Isso ocorreu apenas a 9 de Setembro de 1981, sendo Guernica retirada do MOMA rumo a Madrid. Tinha chegado ao final a peregrinação da obra a que chamavam os espanhóis de "el último exiliado". 

Uma Guernica à Portuguesa
Na semana  anterior ao dia de Páscoa do ano 2007, no refeitório do Colégio de Calvão, em Vagos,  nasceu para o Mundo  “Uma outra Guernica”. 

Uma ideia começada nas aulas da disciplina de Desenho (Ensino Secundário), no final do período, e desenvolvida e concretizada nestas férias escolares da Páscoa.


André Sesta, Alexandre Claro, alunos do 12º ano do Curso de Artes Visuais, e o Professor  Carlos Jesus, pegaram na “Guernica” original, e com algumas alterações ao nível do desenho, introduziram sorrisos ás pessoas e cores.

Mantendo o tamanho do original, foi dividida em quatro partes, para melhor transporte, este trabalho esteve exposto na Conferência Mundial dos Direitos Humanos em Lisboa, na Semana Cultural de Vagos, e no Fórum CIVITAS, na Universidade de Aveiro, em Maio regressou ao Colégio, para que todos os que quiserem a possam  apreciar.


:: SOBRE O ARTISTA ::

Sobre o Artista
Pablo Ruiz Picasso (Málaga, 25 de Outubro, 1881 — Mougins, 8 de Abril, 1973) foi reconhecidamente um dos mestres da Arte do século XX. É considerado um dos artistas mais famosos e versáteis de todo o mundo, tendo criado milhares de trabalhos, não somente pinturas mas também esculturas e cerâmica, usando, enfim, todos os tipos de materiais. Ele também é conhecido como sendo o co-fundador do Cubismo, junto com Georges Braque. Diz-se que levou toda a sua vida a saber pintar como uma criança. (A criança expressa-se pela necessidade que tem de se expressar e pelo prazer que isso lhe dá; tal como respira porque tem necessidade, sem que alguém se preocupe em fazer qualquer juízo sobre isso.)

Nasceu na Málaga (Espanha) e recebeu o nome completo de Pablo Diego José Francisco de Paula Juan Nepomuceno Maria de los Remedios Cipriano de la Santissima Trinidad Ruiz y Picasso.", filho de Maria Picasso López e José Ruiz Blasco,pintor e professor de desenho.

Os desenhos de infância de Picasso representavam cenas de touradas. Sua primeira obra preservada era um óleo sobre madeira, pintada aos oito anos, é chamada O Toureiro. Picasso conservou esse trabalho toda a sua vida, levando-o consigo sempre que mudava de casa. Anos mais tarde pintou outro quadro semelhante, A morte da mulher destacada e fútil. Picasso está feliz, zangado e rebelde. Este quadro é claramente uma expressão injuriosa da sua relação com a mulher.

Durante a Segunda Guerra Mundial, Picasso continuou a viver em Paris durante a ocupação alemã. Tendo fama de simpatizante comunista, era alvo de controlos frequentes pelos alemães.

Entretanto, existem outras histórias a respeito da origem do quadro. Segundo consta , Picasso teria recebido uma proposta francesa para fazer uma obra que retratasse o bombardeio a Guernica. Como estava indisposto para o trabalho, teria usado um quadro que teria feito em homenagem á um amigo toureiro morto numa tourada , mudando apenas o nome da obra para Guernica , em referência á cidade.

Algumas Citações do Artista:
 "Ser contra um movimento é ainda fazer parte dele". 
 "Não há, na arte, nem passado nem futuro. A arte que não estiver no presente jamais será arte." 
 "Não se pode fazer nada sem a solidão." 
 "Se sabemos exactamente o que vamos fazer, para quê fazê-lo?" 
 "Quando dizem que sou demasiado velho para fazer alguma coisa, procuro fazê-la em seguida." 
 "A inspiração existe, mas tem que te encontrar trabalhando." 
 "Quando eu tinha 15 anos sabia desenhar como Rafael, mas precisei uma vida inteira para aprender a desenhar como as crianças" 
 "Leva-se muito tempo para ser jovem." 
 "Nunca conseguirás convencer um rato de que um gato traz boa sorte." 
 "Há pessoas que transformam o sol numa simples mancha amarela, mas há aquelas que fazem de uma simples mancha amarela o próprio sol." 
 "Quando vier a inspiração, que me pegue trabalhando." 
 "Se apenas houvesse uma única verdade, não poderiam pintar-se cem telas sobre o mesmo tema." 
 "Um pintor é um homem que pinta o que vende. Um artista, por sua vez, é um homem que vende o que pinta." 
 "Eu não procuro, eu acho." 
 "Eu não aprimoro, eu sou." 
 "Eu não falo tudo, mas pinto tudo." 
 "A pintura não foi feita para enfeitar paredes. A pintura é uma arma, é a defesa contra o inimigo." 
 "Minha mãe me dizia: "Se queres ser um soldado, serás general. Se queres ser um monge, acabarás sendo Papa." Então eu quis ser um pintor e agora sou Picasso." 
 "A qualidade de um pintor depende da quantidade de passado que carrega consigo." 

Algumas obras do artista
Auto-retrato, 1899 
Absinto (Rapariga no café), 1901 
La mort de Casagemas (A morte de Casagemas), 1901 
Mère et enfant - La Maternité - Mère tenant l'enfant (A Maternidade), 1901 
Vieux guitariste aveugle (Velho guitarrista cego), 1903 
Des pauvres au bord de la mer (Miseráveis diante do mar), 1903 
La vie (A Vida), 1903 
Mulher passando a ferro, 1904 
Auto-retrato com capa, 1905 
Garçon à la pipe (Rapaz com cachimbo), 1905 
Fernanda com um lenço preto, 1905-1906 
Vasilhas, 1906 
Mulher com leque, 1907 
Jovem nu (Jovem rapaz com braços levantados), 1907 
Les Demoiselles d'Avignon, 1907 
Banho, 1908 
Três Mulheres, 1908 
Composição com crâneo, 1908 
Garrafa, jarra e frutas, Verão de 1909 
Vaso sobre a mesa, 1914 
Mulher loira, Dezembro de 1931 
Guernica, 1937 
Dora Maar au chat, 1941 
O tomateiro, 7 de Agosto de 1944 
Mulher sentada num cadeirão, 12 de Dezembro de 1960 
Lagosta e gato, 11 de Janeiro de 1965 
Arlequim com baton, 12 de Dezembro de 1969 
Busto de mulher, 27 de Junho de 1971

Tendo vivido 92 anos e pintado desde muito jovem até próximo à sua morte passou por diversas fases. Entretanto, são mais nítidas a fase azul, que representa a tristeza e a melancolia dos mais pobres, e a fase rosa em que pinta acrobatas e arlequins. Depois de descobrir a arte africana e compreender que o artista negro não pinta ou esculpe de acordo com as tendências de um determinado movimento estético, mas com uma liberdade muito maior. Picasso desenvolveu uma verdadeira revolução na arte. Em 1907, com a obra Les Demoiselles d’Avignon começa a elaborar a estética cubista que, como vimos anteriormente, se fundamenta na destruição de harmonia clássica das figuras e na decomposição da realidade.

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